segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Estoque


Ah, o jargão que assassina a poesia!
A cabeça não se move, meneia.
E partindo daí o poeta floreia.
Quando você vira tu,
O poeta bem que podia ir tomar um café.


“Lábios doces como o mel.
A vida é um palco.
Tua frieza me gela a alma.
Chorei lágrimas de fel.”
Estoque de imagens reaproveitado.
Ah, poetinha safado!


Viva Drummond! Viva Pessoa!
Com que simplicidade boa
Tiram a dicção poética para uma valsa!
Leia e aprenda, poeta mala-sem-alça.

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Os neoclássicos que me perdoem, mas simplicidade é fundamental. Como já dizia Wordsworth, regulando o romantismo sem saber que o regulava, a linguagem da poesia é igual à linguagem da prosa quando esta é bem escrita. Benditos sejam os românticos, que abriram devagarzinho a porta de saída para que, pouco a pouco, todas as imagens de estoque voltassem de onde vieram e o poeta ficasse LIVRE! Aí vão dois bons exemplos de liberdade:

http://www.memoriaviva.com.br/drummond/poema001.htm

http://www.releituras.com/fpessoa_linhareta.asp

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Boa estrela


Pensar nos perigos do mundo é paralisante.
Mas viver paralisado é tão frustrante...


Queria uma ajuda da sorte
Para afastar o medo da morte,
Das mortes que tecem a vida
De iminente despedida.


Mas a sorte é minha?
(A sorte é de quem tem.)
Às vezes me aninha,
Às vezes se abstém.