How much for your soul?
sábado, 1 de janeiro de 2011
RAIVA
How much for your soul?
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
A condição humana
Por que tão pouco estoicismo?
Por que tanto Fernando Pessoa
e tão pouco neoclassicismo?
Por que tantas falhas, inconsistências,
tanta incerteza e dualidade?
Por que tanta humanidade?
Sou homem -
sofro por minha condição.
Sou homem -
tenho medo desde o berço.
Merda! Sou homem.
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"Rather than love, than money, than fame, give me truth." Thoreau
"Rather than love, than money, than faith, than fame, than fairness, give me truth." From "Into the wild"
sábado, 5 de setembro de 2009
As quatro estações
Primavera
A parede é branca.
Ela chega e te pinta
e te borra com a tinta.
Pintura própria, ela arranca;
Proteção extinta.
Verão
A parede ensolarada
ou banhada de lua.
Ela chega tão nua
no calor da madrugada.
Janela escancarada –
vê-se a cor lá da rua.
Outono
A parede sombria,
sua cor escondida.
Ela chega e revida
também com energia.
A cortina torcida
dá vez à luz do dia.
Ela ainda auspicia
ventos bons nesta vida.
Inverno
Na parede gelada
a pintura desbota.
Ela chega e boicota
essa fria emboscada
da estação que se esgota.
Do canto, puxa a escada
e, quente, dá uma risada,
enquanto a voz tilinta:
“Esta parede precisa de tinta!”
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April come she will
(Paul Simon)
When streams are ripe and swelled with rain;
May, she will stay,
Resting in my arms again.
June, shell change her tune,
In restless walks she’ll prowl the night;
July, she will fly
And give no warning to her flight.
August, die she must,
The autumn winds blow chilly and cold;
September Ill remember
A love once new has now grown old.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Cartesianismo
Desejo que você tenha a quem amar
e que, mesmo que não seja amado,
ainda assim ame.
Desejo que você veja muito mar
e que, mesmo que a chuva caia fria,
ainda assim mergulhe.
Desejo sua idiossincrasia –
que ela procure minha boca
de forma cartesiana
ou estúpida.
Pois sendo uma, não pode deixar de ser outra.
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Essa história desse poema “Desejo”, que inspirou a letra da música do Frejat, é muito obscura para mim, por isso vou desistir de minhas diligências pela web para entender de quem é o poema e partir para o que interessa, que são os versos da música que me comovem: “Desejo que você tenha a quem amar / E quando estiver bem cansado / Ainda haja amor pra recomeçar”. Afinal, Barthes já disse: o texto corre livre por aí, não importa quem o tenha escrito.
O fato é que eu adoro a ideia do desprendimento afetivo. Explicando: desejar amor para o outro, desejar que ele sempre possa recomeçar com amor (ele, não eu, entendeu?), desejar para o outro o que se tem e, ainda, o que não se tem. Isso é, para mim, nobreza que se deve almejar.
Por isso, para quem eu gosto e amo, desejo que tenham a quem amar e que, amando, esqueçam da razão.
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terça-feira, 4 de agosto de 2009
Dos estados da alma
Da calmaria
Que te leve ao fundo,
que te dê centro,
que te entregue paz,
que proveja sustento
para a iminente tormenta
que te toma,
que te tenta.
Da turbulência
Que te leve longe,
que te entregue à margem,
que te revire os planos,
que te dê coragem
para o vai e vem
que te toma,
que te tem.
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Antes das tempestades literais ou metafóricas, há, de fato, uma calmaria, um ar parado, que quase nos faz esquecer que a tormenta é constante da vida. Talvez a calmaria prepare o espírito, alimente o pensar e fortaleça o corpo para suportarmos os ventos e trovões. Talvez ela seja apenas perversa, dando-nos a ilusão do chão. Mas este nos abandona os pés ao primeiro sopro do noroeste. É bom desconfiar de calmarias e apostar mais em turbilhões.
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Someone told me long ago
There’s a calm before the storm,
I know, it’s been coming for some time.
When it’s over so they say
It will rain a sunny day,
I know, shining down like water.
I wanna know have you ever seen the rain
I wanna know have you ever seen the rain
Coming down on a sunny day?
Creedence Clearwater Revival
So the storm passed and every one was happy.
Kate Chopin
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Sísifo
Eu cada vez menos quero chegar ao fim do caminho,
sabe?
Cada vez menos quero andar em frente.
Quero o desvio, quero o detour.
Preciso vagar pela estrada mais longa,
pela via mais lenta,
para que não me cobrem a chegada.
Quem me chama é o trevo verde e vagabundo
à margem da rodovia. Me convida para sua trilha.
A guirlanda ao fim da jornada
não me atrai em nada.
Eu cada vez mais quero olhar para o lado,
sabe?
Cada vez menos quero contemplar o que virá pela frente.
Quero o cruzamento, quero a transversal.
Preciso enxergar depois da curva,
depois de cada esquina,
para que não me falte mundo.
Quem me atrai é o pedregulho ordinário e errante
ao lado do meio-fio. Me enriquece o caminho.
O monolito ao fim da estrada
não me diz nada.
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"É preciso imaginar Sísifo feliz."
Albert Camus
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Dédalo
por me teres tirado o chão.
Te agradeço
por só me teres dito não.
Foi tua constante prisão
que me deu, então,
o dom da construção.
(Longe de ti.)
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Thank you India
Thank you terror
Thank you disillusionment
Thank you frailty
Thank you consequence
Thank you thank you silence
The moment I let go of it was
The moment I got more than I could handle
The moment I jumped off of it was
The moment I touched down
(Alanis Morissette)