segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Sete anos

Um soneto meu:

“Sete anos de espera”, me dirias.

“Não é tempo por demais?”

“Ora!” digo-lhe, “Já muito faz

Quem com calma espera sete dias.”


Há moça que mereça tal expectativa?

Ou moço que ainda valha o sacrifício?

A paixão pode ser intensa no início,

Mas se desbota com espera abusiva.


E o vermelho do olho choroso

Se esmaece em nuances de rosa

Assim como a lágrima confunde o brilho


Que marca um novo olhar ansioso.

Seja em poesia ou em prosa

A paixão nova é o estribilho.


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Um do poeta:


Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela,
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,

Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: - Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!


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