quarta-feira, 18 de março de 2009
A mulher que me olha
A mulher que me olha,
mas não pode me ver,
tem olhos vazios de olhar alheio.
Ela nem me comove.
Ela é só mais um ser
que vive a vida em devaneio.
E essa vida que vejo
em seus olhos sem brilho
nem lembra meu solto viver de menina,
que não é mulher,
é apenas menina,
que se molha na chuva,
que não pensa na sina.
Mas ela olha, ainda,
e me dá seu conselho –
viva a vida de agora,
de menina, de sorte –
e então me revela segredo tão forte,
que me tira o prumo,
que me deixa sem norte.
Com seu olho que chora,
seu olho vermelho,
a mulher que me olha com olhar alheio
é só minha imagem refletida no espelho.
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A pintura que ilustra o poema é do francês Fernand Léger.
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2 comentários:
Gosto de poemas com princípio, meio e fim (e o Ferreira Gullar também!).
Beijo beijo!
Gostei muito, Vanessa.
Um beijo, Denise.
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