domingo, 29 de março de 2009

Poeta




Seus olhos dizem tudo

e, ainda assim,

você não fica mudo.

A voz que vem do fundo

não apenas fala bonito –

ela fala o que tem que ser dito.


....................................................


Não sou tiete de Eddie Vedder. Sou uma espécie de admiradora. Nem tem graça alguém da minha idade ser tiete de alguém. Mas eu gosto dele demais.

Sempre acho admirável aquele que é capaz de criticar sem ficar chato. É muito difícil. O próprio Bono Vox, de quem já fui fã (nunca tiete), acabou perdendo um pouco a graça para mim por seu excesso de “politicamente correto” e por sua advocacia constante em favor do mundo. Mas o U2 continua sendo uma baita banda.

Pois bem, o Vedder não caiu nessa chatice, talvez porque ele diversifique. Há as canções mundo cão, como Jeremy e Alive; há as filosóficas, como I am mine; há, também, as bem críticas, como Do the evolution e Society e, é claro, há a música mais linda do mundo, Black.

Bom, o link é dele no Temple of the Dog, cantando com o Chris Cornell, autor da música. Só para diversificar e não ficar chata:

http://www.youtube.com/watch?v=XjNjJR9jUGo

sábado, 21 de março de 2009

Meme

Eu tenho uma tendência à deprê,
Mas talvez nisto seja igual a você.

Eu danço em casa sozinha,
Mas para os outros, pareço “na minha”.

Eu gosto de “reality show”,
Mas isto não define quem eu sou.

No fundo, eu sou insegura,
Mas faço pose de pessoa madura.

Eu detesto salão de beleza.
Papo de novela é uma pobreza!

Eu sou a mãe do João,
E, neste mundo, não há menino mais lindão.

.........................................

Descobri que o “meme” é uma brincadeira entre blogueiros, e, como a Vanessa M., do
Asas Tortas, me chamou pro jogo, resolvi aceitar. Vou fazer que nem ela e explicar as regras aqui, mas não consegui mais do que três blogueiros para propor a tarefa. Foi mal!
As regras:
1- Linkar a pessoa que te indicou.
2- Contar seis coisas aleatórias sobre você.
3- Indicar mais seis pessoas e colocar os links no final do post.
4- Avisar a pessoa que você indicou, deixando um comentário para ela.
5- Avisar quem te indicou quando você publicar seu post.

Estou indicando:
Benjamim Azoar, do Bermudas e Meias
http://bermudasemeias.blogspot.com/
Cosme, do 4.0
http://quatropontozero.blogspot.com/
Leo, do Oblivion Seeker
http://www.oblivionseeker.com/page1.aspx

Desculpe, Vanessa, só consegui pensar nestes!

quarta-feira, 18 de março de 2009

A mulher que me olha


A mulher que me olha,
mas não pode me ver,

tem olhos vazios de olhar alheio.

Ela nem me comove.
Ela é só mais um ser
que vive a vida em devaneio.

E essa vida que vejo
em seus olhos sem brilho
nem lembra meu solto viver de menina,
que não é mulher,
é apenas menina,
que se molha na chuva,

que não pensa na sina.

Mas ela olha, ainda,
e me dá seu conselho –
viva a vida de agora,
de menina, de sorte –

e então me revela segredo tão forte,
que me tira o prumo,
que me deixa sem norte.

Com seu olho que chora,
seu olho vermelho,
a mulher que me olha com olhar alheio
é só minha imagem refletida no espelho.

..................................................................

A pintura que ilustra o poema é do francês Fernand Léger.

domingo, 8 de março de 2009

Novo dia



Eu passo pelo Aterro

e o sol passa comigo.

Não o vejo,

meu erro:

o sol é meu amigo.

Mas estou tão preocupada com meu próprio umbigo...


O sol não desiste

e de novo nasce para mim.

Amigo bom insiste

e mostra pro outro amigo

que seu caminho é ruim.


..............................................


“Morning has broken” é, em sua origem, um hino cristão, que acabou se tornando popular na voz de Cat Stevens, que, por sua vez, acabou se tornando islamita e até mudou de nome. Isso só faz a gente pensar que religião é tudo uma coisa só, com seus vícios e virtudes. Na categoria das virtudes está o hino em questão. É tão difícil olhar para cada dia como um novo dia. E, no entanto, como olhá-lo de outra forma? O poema (lindo e simples) cantado no hino é da autora inglesa Eleanor Farjeon:


Morning has broken, like the first morning.
Blackbird has spoken, like the first bird.
Praise for the singing, praise for the morning,
Praise for them springing fresh from the world.
 
Sweet the rain's new fall, sunlit from heaven,
Like the first dewfall, on the first grass.
Praise for the sweetness of the wet garden
Sprung in completeness where his feet pass.
 
Mine is the sunlight, mine is the morning,
Born of the one light Eden saw play.
Praise with elation, praise every morning,
God's recreation of the new day.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Latência

Não é bem a chuva,
mas a possibilidade da chuva
que me faz sonhar com frutos
e flores.

Não é bem a morte,
mas a possibilidade da morte
que me faz pensar em lutos
e dores.

Não é bem o sol,
mas a possibilidade do sol
que me faz lembrar de praias
e seixos.

Não é bem você,
mas a possibilidade de te ter
que me faz sonhar com bocas
e beijos.