segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Into the wild (ou Zênite)

Eu conheço esse menino
Que leva a vida apaixonada;
E pelas histórias da estrada
Busca selvagem destino.

Bagagem nas costas pesada.
A alma leve elevada –
Alma peso-papel.


Não tens medo, seu menino,
Que, dormindo assim ao léu,
Tua alma suba a pino
E chegue às portas do céu?

.....

O filme "Na natureza selvagem" ("Into the wild") é romântico no sentido oitocentista do termo. O personagem principal parece ter saído do século XIX, por mais que tenha cara e jeito de século XX. Esse tipo de personagem é apaixonante porque representa aquela espécie de pessoa que a gente torce para existir e queria ter coragem para ser. E não é que o filme é inspirado na história de Christopher McCandless, romântico viajante "thoreauniano"? Eu gostei de assistir. Além de tudo, as músicas da trilha sonora são do Eddie Vedder, renomado fazedor de música bonita:

http://www.youtube.com/watch?v=UDorNilxPUY


quinta-feira, 16 de outubro de 2008

É da minha natureza


Eu fujo do paradoxo da natureza humana
Porque penso que é ele que me faz sofrer.
Eu abuso do paradoxo da natureza humana
Porque sem ele não vale mesmo viver.


Eu pratico o paradoxo da natureza humana
Porque não tenho outra opção.
E ainda o praticaria
Mesmo que outra natureza
Me fosse oferecida a ter.

.......

Know then thyself, presume not God to scan;
The proper study of mankind is Man.
Placed on this isthmus of a middle state,
A being darkly wise, and rudely great:
With too much knowledge for the skeptic side,
With too much weakness for the Stoic's pride,
He hangs between; in doubt to act, or rest;
In doubt to deem himself a god, or beast;
In doubt his mind or body to prefer;
Born but to die, and reasoning but to err;
Alike in ignorance, his reason such,
Whether he thinks too little, or too much:
Chaos of thought and passion, all confused;
Still by himself abused, or disabused;
Created half to rise, and half to fall;
Great lord of all things, yet a prey to all;
Sole judge of truth, in endless error hurled:
The glory, jest, and riddle of the world!

Alexander Pope, from An Essay on Man

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Navegar é preciso


Mas cada um cumpre o Destino –
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

Fernando Pessoa, “Eros e Psique”

E, quanto mais navego
Este mar cheio de sal,
Menos vislumbro a terra,
Segurança que renego
Por estar só no final.


E, se por obra do destino,
Paira forte a calmaria,
Surge o porto, nesse instante,
Mais perto do que imagino,
E detém a romaria;


Devotada travessia
Ao santo que não morreu,
À divindade sagrada
Da minha mitologia:
O divino que sou eu.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Essas inglesinhas criativas e seus cabelões maravilhosos



O artista é artista porque não é igual a mim.
Seu dia fora da arte não deve ser como o meu.
Em sua obra me mostra se é bom ou se é ruim.
Fora dela não me importo se é cristão ou se é ateu.
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O bom humor na crítica é valioso. É complicado ser crítico e não ser visto como amargo, até porque a gente acaba amargo mesmo.
A língua inglesa tem a expressão “a breath of fresh air”, que seria algo assim como uma lufada de ar fresco. Essas duas meninas, Lilly Allen e Amy Winehouse são “breaths of fresh air” bem diferentes, mas com algumas coisas em comum.

Por que diferentes? Lilly Allen promove um deboche leve, dançante, quase infantil, mas falsamente infantil. Winehouse já está envolvida num deboche pesado, sofrido e “underground”.

O que há em comum? As duas tem vidas pessoais confusas e intensas, exploradas pela mídia até a última gota. As duas são jovens e criativas. As duas são debochadas e críticas. Tão diferentes das “britneys” da vida. Tão mais ricas e mais densas, mesmo sendo pop. Afinal, tudo o que é pop é ruim?

Ah... os cabelos? Os de Winehouse dispensam comentários e os de Allen são lindos!

Aqui estão elas:

http://www.youtube.com/watch?v=ORosVxIg8Tg

http://www.youtube.com/watch?v=aygAu1x2uQo